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A morte da rainha

09/05/2016
Fonte: Gerência de Estudos e Pesquisas da RPPN
Foto: Sesc Pantanal

“Estou muito triste! Triste como um rei quando perde sua rainha... nossa rainha nos deixou”. Foi assim que recebi a notícia do Sr. João, Monitor Ambiental carismático e apaixonado por insetos, num momento desolado por ter perdido sua companheira de 12 anos e me mostrando o Formigueiro devastado, sem os castelos de fungos e com o cemitério cheio numa manhã chuvosa de janeiro.

Por 12 anos contamos com a rainha que manteve nosso Formigueiro com gerações e gerações de formigas, que serviram de cenário e inspiração para gerações e gerações de visitantes durante esse tempo. Visitantes que chegam com a ideia da formiga-vilã, aquela que corta as roseiras da casa da vó, ataca os pomares do sítio, faz caminhos na grama de casa e devasta a lavoura. Mas, depois de estarem cara-a-cara o formigueiro vivo em cima da mesa, com câmaras e trilhos transparentes e formigas trabalhando duro, aprendem o quanto elas contribuem para o ambiente podando as árvores, aerando e adubando o solo, dispersando sementes e também servindo de alimento para tamanduás famintos. Então saem conciliados e defensores destes pequenos seres.

As formigas são insetos interessantes e famosos pela organização social da colônia, assim como nós humanos, vivem em comunidade. Não diferente de toda forma de vida, o principal instinto delas é a perpetuação da espécie e, neste caso, a rainha é uma protagonista genial, ela é capaz de manter por vários anos um formigueiro que pode alcançar um raio de centenas de metros quadrados debaixo da terra. Tudo tem início com uma revoada romântica, quando as formigas fêmeas aladas participam do voo nupcial. Os machos, predestinados apenas à reprodução, fecundam as fêmeas aladas e morrem logo em seguida, enquanto elas, perdem as asas e, a vencedora que sobreviver às batalhas com os predadores e ao esforço de construção do ninho, torna-se digna do trono subterrâneo.

No formigueiro ela põe milhares de ovos, sendo os primeiros para sua própria alimentação. Com o tempo surgem novas formigas e as tarefas são divididas entre elas para manter o formigueiro em ordem e abastecido de folhas, onde nascem fungos que irão alimentar toda a colônia. E assim se estabelece a pequena cidade escura debaixo da terra, um labirinto de vias de acesso, galerias para alimentação, as quais são separadas da recepção onde chegam os materiais de fora (pedacinhos de folhas, de pétalas, fragmentos vegetais de diversos tipos), que também não comunga com os espaços onde separam o lixo seco do lixo úmido, conhecido como o cemitério de formigas. O reino é severamente protegido pelas formigas-soldados, que lutam o quanto for preciso para manter a rainha intacta, tranquila e livre de qualquer problema.

E o que fazer agora? Agradecer e honrar a finada rainha pela generosidade em nos dar o exemplo e eleger rapidamente a sucessora do trono, para que o Formigueiro ganhe vida de novo, o que na realidade não é tão glamuroso assim. Para conseguirmos uma nova rainha, com o devido apoio dos órgãos ambientais, iremos passar vários dias em campo observando trilheiros, seguindo as formigas na mata, encontrando pequenas colônias até surgir uma bela candidata. Quando uma nova realeza soberana conquistar o território, faremos festa e estão todos convidados.

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