Encontrada em florestas preservadas, principalmente na Amazônica e na transição com o Cerrado, a ave conhecida como “azulona” foi vista pela primeira vez no Parque Sesc Serra Azul, em Rosário Oeste (MT), na região de Nobres. Ameaçada de extinção, a ave foi registrada pela lente de uma das câmeras trap existentes na área de cinco mil hectares e representa a importância do local para a conservação da biodiversidade.
A azulona integra a lista de animais ameaçados de extinção já encontrados no parque, onde também estão a anta, o cachorro-vinagre, o cervo-do-pantanal, o gato-mourisco, o gavião-real, o jacu-de-barriga-castanha, o lobo-guará, o macaco-prego, a onça-parda, a onça-pintada, o queixada, a raposa-do-campo, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra.
De acordo com o ornitólogo Luiz Liberato Costa Corrêa, do Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de Porto Alegre, a presença da azulona no Parque Sesc Serra Azul é considerado um registro importante, por ser uma espécie dispersora de sementes que necessita de áreas preservadas para viver. E, no parque, ela encontrou um ambiente favorável para se reproduzir e alimentar.
“Por isso, locais como o parque são importantes para a sua conservação. Estudos bioecológicos com esta e outras espécies silvestres são importantes na região, evidenciando a relevância dessas áreas preservadas e o seu uso sustentável na conservação da biodiversidade”, declara o ornitólogo.
De acordo com o engenheiro florestal do Parque Sesc Serra Azul, Henrique Sverzut, a azulona foi avistada numa área que foi impactada pelo fogo em 2019 e já está recuperada. “Logo após o incêndio, o número de registros de animais diminuiu drasticamente na área. Agora, a fauna voltou intensamente e estamos muito contentes pela retomada da vida animal no local”, celebra.
O parque onde a azulona foi encontrada faz parte do Polo Socioambiental Sesc Pantanal e existe há 10 anos, com atividades voltadas para o turismo, educação ambiental e pesquisas. A Cachoeira Serra Azul é a principal atração do lugar, onde acontece a transição única em Mato Grosso dos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia.
A azulona
A azulona (Tinamus tao) é uma ave florestal da ordem Tinamiformes, considerada uma das maiores do grupo podendo passar de 50 centímetros de comprimento e pesar até mais de dois quilos. É encontrada no solo da floresta durante o período diurno e pernoitando empoleirada nas árvores durante à noite. Sua nidificação acontece no solo e a alimentação é baseada em frutos, sementes e pequenos invertebrados. Ela é considerada ameaçada de extinção devido a fragmentação das florestas e a caça.