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Intercâmbio entre Sesc Pantanal e ICMBio aborda técnicas de uso de fogo como prevenção a incêndios no Pantanal

23/04/2021
Fonte: Sesc Pantanal
Foto: Sesc Pantanal

O uso do fogo como aliado na prevenção a incêndios florestais foi o tema do intercâmbio realizado entre o Polo Socioambiental Sesc Pantanal e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. O Manejo Integrado do Fogo (MIF), abordagem que busca compatibilizar as necessidades sociais e as tradições culturais com as características ecossistêmicas para a conservação da natureza, já é utilizado em países da Europa e África, na Austrália, nos Estados Unidos e, mais recente, no Brasil.

O Cerrado foi o primeiro bioma onde o MIF foi implementado, há mais de sete anos. Na Mata Atlântica e Amazônia também existem algumas experiências e, agora, pode ser a vez do Pantanal, após os incêndios de 2020, que queimaram 4,350 milhões de hectares (30% do bioma), conforme o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA). O MIF trabalha com três pilares essenciais: a ecologia do fogo (os principais atributos ecológicos do fogo); a cultura do fogo (necessidades e impactos socioeconômicos) e o manejo do fogo (prevenção, supressão e uso do fogo).

Entre as técnicas do MIF está o aceiro, que é a abertura de uma faixa livre de vegetação que evita a propagação do fogo. Já a queima prescrita é realizada ao fim do período chuvoso e início do período da seca. Essa ação simula uma queima natural com que as áreas de savana normalmente estão habituadas, e tem como um dos objetivos eliminar a vegetação seca para melhorar as condições de controle dos incêndios na estação seca.

Em Chapada dos Guimarães, o ICMBio já está no 5º ciclo de planejamento do MIF, explica o analista ambiental Luiz Gustavo Gonçalves, que participou do intercâmbio. “Já temos um tempo praticando o MIF e o ICMBio tem experiência em outras unidades de conservação. Por isso, é importante o intercâmbio nesse momento, pois o a abordagem pode ser aproveitada por quem trabalha no Pantanal, que é um ecossistema que tolera a presença do fogo em boa parte de suas formações campestres”, conta.

Durante a formação teórica e prática, os profissionais do ICMBio compartilharam a técnica da queima prescrita, que tem um calendário extenso, com análise do antes, durante e depois do fogo, para avaliar se os objetivos foram alcançados. “A ideia com este intercâmbio é criar condições para que as unidades de conservação pantaneiras planejem o uso do fogo, caso se sintam confortáveis, como um modelo de gestão para áreas naturais”, ressalta.

Além dos guarda-parques da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal), Alesandro Amorim e Manoel Domingos, o gerente do Parque Sesc Baía das Pedras, Alexandre Enout também participou do treinamento. Segundo ele, o diferencial do MIF está no fato de considerar as técnicas de combate florestal, a cultura dos usos tradicionais do fogo e os atributos ecológicos do fogo.

“O objetivo do MIF não é só prevenção, mas o manejo da paisagem. Ou seja, o uso do fogo também pode acontecer de maneira positiva. O fogo faz parte do ambiente e, em biomas como o Cerrado e Pantanal, é benéfico se aplicado no momento e tempo certo. Por isso é tão importante saber usá-lo a nosso favor, atendendo aos objetivos de conservação da natureza, para evitar incêndios florestais”, completa.

Em 2020, as duas unidades de conservação do Polo Socioambiental Sesc Pantanal foram atingidas pelo fogo. Na RPPN Sesc Pantanal, 93% dos 108 mil hectares da área, localizada em Barão de Melgaço, foi atingida. No Parque Sesc Baía das Pedras, que fica no município de Poconé, foram 10% impactados.

Embora os incêndios tenham alcançado a maior parte da RPPN, o fogo teve intensidades diferentes em toda esta extensão, resultado da atuação da brigada de incêndio do Sesc Pantanal, existente há 20 anos, e dos contrastes acentuados da estrutura do mosaico da paisagem. Foram 50 dias de combate, em locais simultâneos, o que retardou o avanço do fogo, permitindo a fuga de animais para áreas ainda preservadas ou já atingidas.

De acordo com a superintendente do Sesc Pantanal, Christiane Caetano, as parcerias com instituições experientes e também com os demais atores do Pantanal - comunidades tradicionais pantaneiras, aldeias indígenas, fazendas e unidades de conservação – colaboram para a preparação de um ano que pode ser desafiador também. “Até o momento, choveu menos que no ano passado e a seca pode ser ainda mais severa. A união de esforços é fundamental para que o bioma não seja impactado da forma como aconteceu em 2020 e é isso que o Sesc Pantanal tem buscado”, destaca.

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